13 de agosto de 2008

Já estamos com saudades Dercy!

Dercy Gonçalves foi enterrada às 13h15 desta terça-feira (22), em sua cidade natal, Santa Maria Madalena, interior do Rio de Janeiro. Ao som do samba-enredo “Bravo, Bravíssimo - Dercy, o Retrato de um Povo” cantado pela Velha Guarda da escola de samba Viradouro, o corpo da comediante foi sepultado em pé, conforme seu desejo. Depois da cerimônia, a música “Perereca da Vizinha” foi tocada na voz de Dercy Gonçalves.

Emoções em Fotos:
> Corpo de Dercy Gonçalves é enterrado em Santa Maria Madalena
> Marília Pêra e Stepan Nercessian se despedem de Dercy Gonçalves
> Relembre momentos da atriz


Foto: Marcos Faber
A filha da atriz, Decimar Senra, acompanha o enterro de
Dercy Gonçalves, que foi enterrada em pé



Minutos antes do meio-dia, o caixão com Dercy saiu do Clube Montanhês, local do velório, para a Igreja Matriz, onde foi realizada uma missa de corpo presente. Em seguida, um cortejo acompanhou o caixão até o mausoléu de Dercy, feito em forma de pirâmide, no cemitério da cidade. Por causa do forte calor, algumas pessoas passaram mal, mas nenhuma ocorrência grave foi registrada no hospital de Madalena.

Dercy Gonçalves morreu às 16h45 do último sábado (19), aos 101 anos, no Rio de Janeiro. Ela foi internada de madrugada no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital São Lucas, em Copacabana. A atriz sofria de pneumonia comunitária grave, que evoluiu para uma sepse pulmonar e insuficiência respiratória.


Fã fantasiada de Dercy Gonçalves acompanha
o último "passeio" da atriz por Madalena


Saudade
Amigos e familiares ressaltam a importância da atriz e registram o último adeus.

"Eu tinha oito anos de idade quando conheci Dercy. Nunca trabalhei com ela, mas meus pais sim. Ficava assistindo a Dercy interpretar da coxia. Meu pai sempre comentou que ela era muito educada e ética, apesar da irreverência."
- Marília Pêra

"A Dercy era um marco na história do teatro, do cinema e da TV no Brasil, inclusive por sua maneira absolutamente original, única, de interpretar."
- Jô Soares

“E agora? Nosso humor não está tão bom que possa abrir mão de uma atriz como Dercy Gonçalves. Tirá-la do nosso contato é uma coisa que não tem graça nenhuma. Ah, Senhor, meu Senhor! Por que ela? Para quem esperou 101 anos, custava esperar mais uns... uns quinze, vinte? E quem assume no lugar dela?
- Chico Anysio

“Deus deu um passaporte de mais de 100 anos para ela alegrar os brasileiros. O céu com ela vai ficar mais alegre. Ela alegrou muita gente com sua irreverência, descontração. Não existiu mais ninguém como ela.”
- Renato Aragão

"A irreverência e a força da personalidade de Dercy Gonçalves vão deixar saudade em todos os brasileiros. Suas atuações, ricas em improviso, no teatro, cinema e televisão foram um marco para o humorismo nacional. A idade não importava, a verdade é que Dercy se manteve jovem durante toda a vida. Nascida numa pequena cidade no interior do Rio, ela teve a coragem de optar pela vida artística e enfrentar os preconceitos até alcançar o devido reconhecimento profissional. A sua filha, amigos e fãs, meus sinceros pêsames.
-
Luiz Inácio Lula da Silva

Escola de irreverência
Dolores Gonçalves Costa - conhecida pelo público como Dercy Gonçalves - nasceu em Santa Maria Madalena, a 219 km do Rio de Janeiro. Sua mãe, Margarida, abandonou a família muito cedo, tão logo soube da infidelidade do marido. A garota escandalizava a cidadezinha do interior com atitudes pouco aconselháveis para época: pintava o rosto como as atrizes dos filmes mudos e dançava para animar os hóspedes do Hotel dos Viajantes em troca de um prato de comida.

Dercy foi criada pelo pai, um alfaiate nascido em Portugal, que tentou educá-la com rigidez. Não deu certo. Aos 17 anos a garota fugiu de casa e se juntou a um grupo de teatro mambembe. Passou a ser assediada pelo cantor Eugenio Pascoal, com quem teve a sua primeira relação sexual. Dercy contava que, por conta da falta de conhecimento sobre sexo, imaginou-se ferida no momento da penetração e saiu correndo gritando, acusando o homem de agressão.

Nos anos 30 e 40, Dercy percorreu o País com o teatro de revista e estrelou diversas chanchadas. Dona de uma personalidade forte, a comediante adaptava os personagens ao seu estilo escrachado e irreverente.

Além de fazer rir, a atriz gostava de surpreender. Ameaçou posar nua aos 90 anos e, aos 94, desfilou com os seios desnudos pela Unidos da Viradouro, que prestigiou a comediante com o enredo “Bravo, Bravíssimo - Dercy Gonçalves, o retrato de um povo".

Na televisão, chegou a ser a atriz mais bem paga da TV Excelsior. Entre 1966 e 1969, apresentou, na Rede Globo, um programa de auditório de muito sucesso chamado "Dercy de Verdade", que acabou saindo do ar com o início da censura no País. No final dos anos 80, quando a censura permitiu maior liberalismo na programação, Dercy passou a integrar corpos de jurados em programas populares, como em alguns apresentados por Sílvio Santos, e até aparições em telenovelas da Rede Globo, entre elas: “Que Rei Sou Eu?" (1989) e "Deus nos Acuda" (1992).

Fez mais de 10 plásticas e não escondia suas esquisitices: dizia não gostar de sexo e fugia de água. Sua biografia, “Dercy de Cabo a Rabo” (Editora Globo), foi escrita por Maria Adelaide Amaral.

Dercy construiu um mausoléu com 120 metros quadrados de mármore em forma de pirâmide em sua cidade natal e escolheu a decoração de seu funeral um mês antes de morrer: ornamentação em ouro, bronze e alumínio, além de rosas vermelhas.

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