Nem o fornecedor dos coelhos da cartola de Houdini conseguiria atravessar os mais de 200 capítulos de uma novela das 21h sem esbarrar num momento de barriga. Os folhetins são longuíssimos, fica inevitável. Vai ver que nem o próprio Houdini seria capaz de iludir seu público por tanto tempo.
A esta altura do campeonato, todo mundo já sabe que João Emanuel Carneiro, autor de “Avenida Brasil”, sabe tudo sobre as mágicas dos roteiros. Desde a estreia de sua história, não houve um capítulo sequer desprovido de, pelo menos, um ou dois momentos eletrizantes. Ainda assim, a trama parece ter chegado a esse ponto que, se não é morto, é morno.
Quem acompanha esse enredo sabe que, no 100 episódio, Carminha (Adriana Esteves) vai descobrir que Nina-Rita (Débora Falabella) não é quem afirma ser. A espertíssima vilã, tomada pelo ódio e movida pelo instinto de sobrevivência, jurará uma vingança ainda pior que a da ex-enteada. Daí para frente, virá uma animada reviravolta cujos rumos ainda são um mistério.
Porém, enquanto isso não acontece, está difícil manter o entusiasmo com os altos e baixos da relação de Nina com Jorginho (Cauã Reymond). O jogador parece imune à ideia de aprender a lição e insiste em mais do mesmo. Igualzinho a Débora (Nathalia Dill), a doce apaixonada que, aos olhos do público, já ficou com pinta de otária de primeira hora. Ela sempre aceita, sem reservas, o ex de volta. Enquanto está em crise com uma ou outra, Jorginho invariavelmente afoga as mágoas no álcool, outra repetição que está cansativa. Isso sem falar no trio de mulheres de Cadinho.
Outro adorável personagem, Leleco (Marcos Caruso) vem repisando o mesmo cerco à mulher, Tessália (Débora Nascimento), que — ele está convencido — é infiel. Ela, por sua vez, mantém um jeitinho de santa tão exagerado que irrita. Tantas ações iguais se multiplicando só podem se justificar diante da perspectiva de que vá ocorrer algo tonitruante entre eles.
É isso que o público espera no momento. “Avenida Brasil” é ótima, mas está na hora de seu enredo avançar. Descobre tudo logo, Carminha.
Fonte: Patrícia Kogut
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